Fundação beneficia jovens, adultos e detentos em BH

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Fundação João Pinheiro beneficia jovens, adultos e detentos com ações sociais em BH

Projetos de extensão universitária conectam alunos da FJP com a comunidade, que recebe oficinas e cursinhos preparatórios de forma gratuita

 

O adolescente Ênio Ferreira Júnior, 18 anos, esperou com ansiedade e otimismo pelas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicadas nos dois primeiros domingos de novembro. O jovem, filho de mãe diarista e pai confeiteiro, busca uma vaga no curso de Medicina em alguma universidade pública. Para se preparar para o exame, ele participou do Educar, cursinho preparatório para o Enem oferecido gratuitamente pela Fundação João Pinheiro (FJP).

“Eu não conseguiria pagar nenhum curso presencial. Então, estava optando por fazer um online, que tinha um preço bem mais razoável. Aí me ligaram oferecendo a vaga no Educar, porque eu era menor aprendiz pela Associação Profissionalizante do Menor (Assprom). Nossa, eu fiquei muito feliz”, lembra.

Desde março, ele participou diariamente das aulas, que são ministradas por alunos da Escola de Governo (EG) da FJP e contemplam todo o conteúdo cobrado no Enem.

“Todos os dias, antes das aulas, a gente ainda tinha a oportunidade de participar das monitorias, para tirar dúvidas. Acho que fui em praticamente todas. Estudava em casa durante o dia, e, à noite, estava no cursinho”, conta o estudante, que fez o ensino médio na Escola Estadual Maestro Villa Lobos e trabalhava como Assprom na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

O cursinho Educar surgiu em 2013 e é apenas uma das iniciativas de cunho social oferecidas pela Fundação João Pinheiro. Entre 2015 e 2018, foram 160 jovens beneficiados com o cursinho gratuito.

“No caso do Educar, queremos atender alunos oriundos de escolas públicas que não podem pagar um curso preparatório. Os professores são alunos voluntários daqui”, explica a aluna da FJP e coordenadora discente do Educar em 2018, Mariana Rangel Pires. Para ela, participar de um projeto de extensão social na faculdade é uma oportunidade de aprendizado e troca de experiências.

São oferecidas 40 vagas por ano, sendo 20 delas destinadas a alunos selecionados internamente pela Associação Profissionalizante do Menor (Assprom). As outras 20 são abertas por meio de um formulário de inscrição divulgado na página do Facebook. Os critérios para seleção são: ter realizado o ensino fundamental e médio em escolas públicas; e ordem de inscrição.

"Como professores de um cursinho popular, os alunos da Fundação desenvolvem habilidades fundamentais para um administrador público, como oratória, diálogo, organização e empatia. A minha experiência como coordenadora do cursinho também me trouxe diversos aprendizados. A aplicação de técnicas de gestão, conjugadas ao relacionamento, tanto da equipe quanto dos alunos, enriqueceu bastante o conhecimento que adquiro na teoria nas aulas do curso. Mas, talvez o mais importante seja, justamente, nosso contato com os alunos do cursinho, o envolvimento com o voluntariado e os projetos sociais, e o entendimento ainda mais claro do nosso papel como futuros Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental do Estado de Minas Gerais" - Mariana Rangel Pires, aluna da FJP e coordenadora discente do Educar em 2018

As atividades de extensão universitárias, das quais o Educar faz parte, são coordenadas pela Gerência de Extensão e Relações Institucionais da Escola de Governo (EG). Em 2018, 175 alunos do curso de administração pública (Csap) da FJP participaram de pelo menos uma das ações de extensão.

“A extensão permite um aprimoramento da formação do quadro dos futuros gestores públicos estaduais, possibilitando apontar alternativas para a promoção do desenvolvimento institucional na administração pública como também contribuir na formação cidadã de servidores que, para além de bons técnicos, percebem a complexidade dos problemas públicos e usam o conhecimento para gerar bem estar e melhoria nas condições de vida de todos” - Mauro César da Silveira, Gerente de Extensão e Relações Institucionais da Escola de Governo

"É uma via de mão dupla, que viabiliza a relação transformadora entre universidade e sociedade ao permitir o encontro dos estudantes com a comunidade. Inclusive, alguns dos nossos projetos são iniciativa dos próprios alunos", enfatiza Silveira.

 

Cidadania em debate

Outra iniciativa neste sentido é o projeto Fica Ativo!, que se divide em duas vertentes: o Fica Ativo! Cidadania e o Fica Ativo! Repensar.

No Fica Ativo! Cidadania, a FJP promove a interação dos estudantes de Administração Pública com alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de escolas públicas. Entre 2015 e 2018, 114 estudantes da Fundação foram voluntários do projeto e 500 pessoas beneficiadas na Escola Municipal Dora Tomich Laender, no bairro Minas Caixa, em Belo Horizonte.

Nos encontros, feitos três vezes ao mês, são discutidos temas que estimulam a reflexão sobre direitos individuais, sociais e cidadania, correlacionando-os à questão social e histórica em que estão inseridos.

“São trabalhados conteúdos importantes, como educação financeira e respeito à diversidade. Estimulamos a participação coletiva, dando voz às vivências e singularidades dos alunos”, pontua a coordenadora discente do Fica Ativo! Cidadania, Bruna Teodoro.

Já o projeto Fica Ativo! Repensar oferece oficinas com temas ligados às artes, à cultura e à cidadania a jovens em situação de vulnerabilidade social.

“Nosso objetivo é construir, em conjunto com os participantes, condições para fortalecimento dos laços comunitários e de ações coletivas. Trabalhamos conteúdos como cultura e comportamento, cidadania e espaço público, formas de participação democrática”, comenta Lilia Gonçalves, coordenadora discente do projeto em 2018.

“Esse formato, em que nós alunos atuamos como coordenadores discentes, permite o desenvolvimento de algumas habilidades gerenciais, nos aproxima dos problemas inerentes à realização de qualquer projeto e nos confere autonomia para buscar soluções”, diz.

O Repensar já contou com a participação de 77 estudantes do curso de Administração Pública da FJP entre 2015 e 2018, com 170 beneficiados. Suas atividades são desenvolvidas na Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro, localizada no bairro Ribeiro de Abreu, e na Escola Municipal Rui da Costa Val, no Jardim Felicidade. Durante o semestre, são realizados 16 encontros nas escolas.

A jovem Amanda Eloíza Cunha, 17 anos, morava na cidade de Piracema (Território Oeste) até o ano passado, quando se mudou para Belo Horizonte. Hoje ela cursa o 2º ano do ensino médio na Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro e conta que sua vivência escolar foi totalmente modificada pela participação no Repensar.

“Passaram em sala perguntando quem queria participar, e que seria um meio da gente conversar sobre as atualidades, debater nossas ideias e entender o que está acontecendo ao nosso redor. Eu gostei e quis entrar, e foi muito bom pra mim, porque eu fiz muitas amizades nas oficinas. Aquilo me proporcionou muitos amigos, eu era novata na escola e não tinha tanta gente para conversar. Fui me abrindo, vencendo a timidez”, relembra.

Toda terça-feira, às 18h30, o encontro estava marcado. “Fui em todos. Muitas vezes o assunto rendia tanto que a gente continuava debatendo no WhatsApp. Teve muita coisa que eu achava que sabia, mas vi com outros olhos depois das oficinas. Uma delas foi a questão das cotas raciais. Tinha uma visão limitada sobre isso, sendo que são muitas coisas envolvidas em um tema só. Esse conteúdo me marcou demais”, relata a adolescente.

Outro ponto destacado por Amanda é o fato de os professores serem alunos da Fundação João Pinheiro. “Os professores são jovens, sabem explicar de um jeito que a gente entende, pois sabem como é o mundo do jovem de hoje. Outra coisa que me conquistou foi que eles não nos tratam como se fôssemos alunos, e sim como colegas. É uma roda de amigos. Pretendo participar de novo no ano que vem”, finaliza.

 

Pessoas privadas de liberdade

Por meio do projeto 2ª Chance – Educação, a Fundação João Pinheiro também ofereceu um curso intensivo preparatório para o Enem, com duração de quatro meses, para pessoas privadas de liberdade (PPL). As aulas foram ofertadas no presídio masculino Antônio Dutra Ladeira e no presídio feminino José Abranches Gonçalves, em Ribeirão das Neves, Território Metropolitano.

A execução foi viabilizada pela parceria entre a FJP, o Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas), a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) e a direção dos presídios beneficiados pelo projeto.

Entre 2015 e 2016, 39 estudantes da Fundação participaram do projeto, que ocorreu no presídio masculino Antônio Dutra Ladeira e no presídio feminino José Abranches Gonçalves, ambos em Ribeirão das Neves.

Para o diretor de Investimento Social do Servas, Rodrigo Fernandes, o 2ª Chance – Educação destaca os bons resultados do projeto. Em 2015, realizado apenas na penitenciária Dutra Ladeira, dos 38 detentos que participaram do curso piloto – durante o mês de novembro, eles receberam aulas de redação e atualidades – 16 foram aprovados no Enem.

Já em 2016, o projeto cresceu e foi ofertado também no presídio feminino. Foram capacitados 72 detentos – destes, 39 obtiveram pontuação que os tornaram aptos para o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), e 29 para o Programa Universidade para Todos (ProUni).

“Em 2017 e 2018, por conta de mudança de formato do Enem e desencontros com o Inep em relação à data de realização das provas, não conseguimos ofertar o curso. A expectativa é voltar no próximo ano”, frisa Fernandes.

 

Encontros no Cras

Realizado no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do bairro Jardim Felicidade, em Belo Horizonte, o projeto Juventude Cidadã é outra ação social com a participação da FPJ. Contemplou a população de jovens da região.

Com rodas de conversa e oficinas semanais, o projeto buscou dois objetivos: despertar nos jovens o interesse pela vida comunitária, por meio da reflexão sobre direitos e deveres relativos ao pleno exercício da cidadania; e atrair os jovens para conhecerem os serviços oferecidos pelo Cras.

A partir de 2016, o projeto passou a ser realizado de forma conjunta com a escola pública do bairro, o que ampliou sua visibilidade e seu espaço de atuação. As atividades extensionistas deste projeto foram realizadas entre o 1º semestre de 2016 e o 1º semestre de 2017 e contaram com a participação de 40 jovens.

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