Funcionários são capacitados para atender deficientes no Sine

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Governo de Minas Gerais capacita servidor para atender cidadãos com deficiência auditiva nas agências do Sine

Elaborado pela Uemg, em parceria com a Sedese, curso irá ministrar o Libras para 720 funcionários que atuam em 131 postos de atendimento em todo o estado

 

Tente imaginar-se em uma recepção na qual a pessoa que busca informações não consegue estabelecer um grau de interação com o atendente. É o que passam, geralmente, as pessoas surdas quando buscam serviços em diferentes espaços e situações. Em Minas Gerais uma parceria entre a Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese) e a Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) quer mudar esse quadro.

Com essa parceria, o Estado irá oferecer para mais de 700 atendentes, em 131 postos do Sistema Nacional de Emprego (Sine), o Curso de Introdução à Língua Brasileira de Sinais (Libras). Os profissionais serão capacitados para garantir à pessoa surda, que busca colocação no mercado de trabalho, o diálogo necessário para que suas necessidades sejam atendidas e respondidas. A primeira turma inicia as aulas nesta terça-feira (14//11).

“A frequência de pessoas surdas atendidas nas unidades do Sine e as dificuldades enfrentadas por elas na comunicação deram o start para que a Sedese buscasse entidades com expertise no assunto para ajudar a melhorar o atendimento nos postos”, explica a assessora para Inclusão da Superintendência de Gestão e Fomento ao Emprego da Sedese, Rosana Bastos.

E são consideráveis os motivos para que a Sedese se mobilizasse para melhorar esse atendimento. Dados da Superintendência Regional do Trabalho em Minas Gerais apontam a existência de 28.561 postos de trabalho a serem ocupados por Pessoas com Deficiência. Agências do Sine destacam-se na oferta, encaminhamento a colocação dessas pessoas no mercado.

“É importante que o Sine esteja preparado para atender a todo e qualquer cidadão”, garante Rosana Bastos. Por isso a Sedese está formulando a tabela das vagas que serão destinadas aos postos das 103 unidades sob a responsabilidade da pasta, como também das outras 28 unidades vinculadas às Unidades de Atendimento Integrado (UAI’s), da Seplag.

No curso, o atendente começará a ter contato com a Língua Brasileira de Sinais para facilitar a comunicação do agente público com a pessoa surda. É o início de um caminho que amplia as ações de inclusão.

O conteúdo é trabalhado em seis módulos, em um total de 80 horas/aula. No primeiro, a dinâmica propõe um período de ambientação com o modelo de Educação a Distância oferecido pela Uemg. Outros quatro módulos irão abordar conteúdos comuns à introdução à Língua Brasileira de Sinais e ao currículo de Libras.

No último módulo, específico à necessidade do órgão, os professores irão abordar as rotinas nos postos de atendimento do Sine e os vocabulários necessários para o atendimento às pessoas surdas. Os professores conteudistas estarão nas unidades, em alguns dias, para acompanhar de perto a rotina e melhor estruturar o conteúdo que será oferecido nas aulas.

Marcelo Bleme é ouvinte, que atua como intérprete de Libras na Pastoral do Surdo, em Belo Horizonte. Para ele, contar com profissionais que detêm o conhecimento da língua é a possibilidade do sujeito surdo ser atendido com qualidade.

“É magnifico ver essa proposta, pois a pessoa surda passa a ser sujeito de direito e que não dependerá de um amigo, familiar e/ou um profissional para ter suas dúvidas esclarecidas, o que em alguns casos teria um custo adicional ao surdo”, comenta.

O curso utilizará vários recursos na plataforma Moodle, além de garantir acompanhamento semanal de tutores aos alunos. Estes poderão acertar com os tutores os horários para, via chat ou webcam, tirar dúvidas e aprofundar as questões apresentadas nas aulas.

O curso foi elaborado por professores conteudistas da Uemg, entidade que arcou também com a elaboração dos vídeos-aulas, por meio da Coordenadoria de Ensino a Distância e da Pró-Reitoria de Extensão. À Sedese caberá o custeio com os tutores que irão atuar no decorrer do curso.

Para a articulação e preparação dessa atividade foram fundamentais a sinergia e o bom relacionamento entre as equipes da Sedese, constituída pelos servidores Rosana Bastos e Emanuel Marra, e da Uemg, que contou com o trabalho das servidoras Emiliana Drumond, Lorna Azevedo e Priscila Fontes.

O Termo de Descentralização de Recursos, que permitirá a execução da capacitação, foi assinado no dia 15 de setembro, no auditório da UAI Praça Sete, em Belo horizonte.

Na primeira turma, iniciada nesta terça-feira, serão capacitadas 332 pessoas, sendo 267 atendentes do Sine e 65 vagas estendidas, divididas entre servidores das secretarias de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania (Sedpac), Sedese e Intendência da Cidade Administrativa.

 

Inova Minas

Entre os professores conteudistas que trabalharam na organização do Curso de Introdução à Língua Brasileira de Sinais está a analista de Recursos Humanos da Uemg, Emiliana Drummond, que convergiu a proposta de capacitação dos servidores estaduais, apresentada e premiada no Prêmio Inova Minas, para o real atendimento e inclusão das pessoas surdas.

“É muito bom ver uma ideia ser valorizada e sair do papel”, recorda Emiliana ao comentar que a proposta teve sinergia com o que já estava sendo estudado para ser implantado pela Uemg. Estabeleceu-se uma ação positiva, que ajuda a pessoa surda a vencer as limitações impostas pela falta de acessibilidade e comunicação.

Sedese e Seplag foram as primeiras secretarias a dialogar com a Uemg para a implantação de ações que garantissem melhor atendimento às pessoas surdas. A Sedese entendia que era possível otimizar recursos e oferecer a capacitação para os profissionais dos postos do Sistema Nacional de Emprego (Sine) em várias cidades do estado.

 “A pessoa tem direito à informação e ao atendimento, mas ao passar por dificuldades se sente estrangeiro em seu próprio país”, ressalta Emiliana, ao destacar que a formação para os servidores do Sine dá um diferencial à prestação de serviço e começa a cobrir uma lacuna frente às necessidades para um bom atendimento à pessoa surda.

Na fase de elaboração do curso, Emiliana atua como professora conteudista, ou seja, é responsável pela estruturação de conteúdos, definição do plano de aula, distribuição da carga horária e forma de avaliação dos participantes.

A proposta é, neste primeiro momento, atender à demanda da Sedese, depois avaliar a execução do curso e estruturar novas turmas que poderão ser abertas à população e a outros órgãos da Administração Pública.

 

Língua Brasileira de Sinais (Libras)

A Libras é uma língua, com estrutura própria e oficialmente instituída no Brasil como meio de comunicação e expressão dos surdos, pela Lei Federal 10.436. Dessa forma, o Estado atua para garantir sua aplicação no atendimento ao público, evitando que pessoas surdas se sintam excluídas em razão da barreira comunicativa.

Diante de outras deficiências, em que não há exigência de um conhecimento especifico em outra língua, como é caso da auditiva, Rosana Bastos explica que “a comunicação é a grande questão a ser resolvida na relação do deficiente auditivo com o atendimento no setor público”.

Ao criar Políticas Públicas, o Estado busca entender a real implicação dessas ações na vida das pessoas. Por isso, a Sedese mantém um relacionamento muito próximo com as entidades de pessoas com deficiências, além da plena participação no Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência.

O trabalho com a comunidade surda tem um mote levantado por eles mesmos: “Nada sobre nós, sem nós”. Assim, a participação do professor Tuender Durães na construção do curso enriquece ainda mais a proposta de inclusão no atendimento nos postos do Sine.

Surdo, ele diz se sentir emocionado com a iniciativa: “É muito importante que a Libras seja vista e valorizada em todos os espaços diante da sociedade, para que o surdo realmente conquiste o seu lugar junto aos demais”, diz Durães.
 

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