Hospital mineiro é referência em traqueostomia infantil

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Hospital da Rede Fhemig é o único do país com assistência integral e multidisciplinar à criança traqueostomizada

Demanda pelo serviço é crescente e a unidade hospitalar se organizou para atender todos os casos encaminhados

 

O Hospital Infantil João Paulo II, da Rede Fhemig, é o único hospital do país que tem serviço com assistência multidisciplinar voltado exclusivamente para o cuidado de crianças traqueostomizadas. Segundo a coordenadora do Serviço de Assistência à Criança Traqueostomizada (Sait), Isabela Picinin, não há estrutura nestes moldes no Brasil e, atualmente, 400 crianças estão sendo acompanhadas. O Sait tem um valor social e assistencial enorme no SUS. O pioneirismo e o impacto positivo na qualidade de vida das crianças são grandes diferenciais.

Reconhecido pela relevância do trabalho que vem sendo prestado desde 2011, quando foi criado, e por ser o serviço com maior número de crianças assistidas no Brasil, o Sait participou da elaboração do I Consenso Nacional na Assistência às Crianças Traqueostomizadas. “O documento representa um grande passo para a melhoria na qualidade do atendimento prestado a essas crianças”, comentou Isabela, lembrando que o convite partiu da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica e da Sociedade Brasileira de Pediatria.

 

Assistência ampla e de qualidade

Segundo Isabela, o Sait presta assistência ampla, integral e de qualidade às crianças com traqueostomia. A demanda pelo serviço é crescente e o hospital se organizou para atender todos os casos encaminhados. A unidade faz capacitações regulares para que seus profissionais e de outros serviços se tornem aptos a prestar uma assistência de qualidade às crianças.

Graças à abordagem multidisciplinar, o serviço propiciou a decanulação (retirada da cânula) de 22% dos pacientes assistidos, taxa semelhante à de grandes centros de referência mundiais. Isso possibilita uma melhoria significativa na reintegração social da criança.

 

Sait

Além de realizar assistência periódica por equipe multidisciplinar (composta por pneumologista, broncoscopista, fonoaudióloga, fisioterapeuta respiratório, enfermeira, técnico de enfermagem, psicólogo e assistente social), o Serviço de Assistência Integral à Criança Traqueostomizada promove troca de cânulas trimestralmente e realiza treinamento dos familiares e cuidadores para adequado manejo da traqueostomia, com foco na prevenção e abordagem de complicações.

Nos casos em que não é possível retirar a cânula, a assistência prestada oferece suporte para prevenção de complicações, trocas regulares de cânulas e capacitação de profissionais para inclusão escolar.

Por estar ligado ao Serviço de Broncoscopia da unidade, é possível realizar avaliação diagnóstica em relação à indicação da traqueostomia e efetuar abordagem terapêutica nos casos em que isto for possível. O Sait adota um protocolo próprio de decanulação que inclui, além da realização de broncoscopia, a obtenção de parâmetros objetivos, por meio da ventilometria, teste de oclusão e teste de esforço.

 

Causas

As causas mais comuns de traqueostomia são a prematuridade; tempo prolongado de intubação por doenças graves (meningite, pneumonia e cardiopatia graves); sequela neurológica após acidentes (afogamento, atropelamento) ou por problemas no parto. A traqueostomia pode ser indicada em diversas situações e é essencial que seja dado um bom suporte aos pacientes e suas famílias, para adequado acompanhamento e, principalmente, para tratar as condições reversíveis e tentar a decanulação (retirada da cânula).

 

Discriminação

Segundo Isabela Picinin, as crianças traqueostomizadas ainda são muito discriminadas e excluídas do convívio social. A maioria das pessoas desconhece o que é uma traqueostomia e as famílias sofrem diversos preconceitos. Diversas mães relatam discriminação nos transportes públicos, nos parques e em outros locais.

Muitas crianças apresentam a inteligência normal e são temporariamente traqueostomizadas por apresentarem uma obstrução abaixo das cordas vocais, o que impede a respiração pela via aérea (nariz e boca). Crianças com quadro neurológico grave permanecerão traqueostomizadas para evitar agravamento dos problemas pulmonares associados. “Nesses casos, em que a indicação é definitiva, combater o preconceito da sociedade é ainda mais relevante”, ressaltou a médica.

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