Democracia na Conferência de Saúde das Mulheres

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Democracia e saúde entram em pauta na estreia da Conferência Estadual de Saúde das Mulheres

A situação atual do país e seus impactos na vida das mulheres foi tema da mesa de abertura, nesta segunda-feira (10/7), no Minascentro, na capital

 

Ousadia, coragem, resistência e pluralidade. Estas foram algumas das palavras que entoaram o discurso das palestrantes na mesa de abertura da I Conferência Estadual de Saúde das Mulheres, iniciada nesta segunda-feira (10/7), no Minascentro, em Belo Horizonte. O evento, que segue até a próxima quarta-feira (12/7), traz nesta edição de estreia o tema "Saúde da Mulher: desafios para integralidade com equidade".

Coordenada pela conselheira Estadual de Saúde no segmento de trabalhadores, Lourdes Machado, a mesa contou com a participação da conselheira Estadual de Saúde dos representantes de usuárias e usuários pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais e trabalhadora rural, Maria Alves; da presidenta da CUT Minas e coordenadora Geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira; e da participante da Comissão Nacional Organizadora e de Relatoria da 2ª Conferência Nacional de Saúde da Mulher, Kátia Souto.

Na oportunidade, a coordenadora da mesa, Lourdes Machado, destacou que a conferência teve adesão de 197 municípios e inscrição de mais de 950 pessoas, sendo que um dos critérios era que pelo menos 70% dessas inscrições fossem de mulheres.

“A logomarca do evento traz um pouco do que pretendemos alcançar. Ao representar as mulheres em suas várias singularidades, mostramos que somos diversas e que temos anseios diferentes. A discussão, então, é como dar acesso à saúde a essas várias mulheres, em todas as nossas especificidades”, reforçou a conselheira estadual.

 

Debates

Neste primeiro dia da conferência, a proposta inicial, que era discutir a situação atual do país e seus impactos na vida das mulheres, ganhou amplitude nas vozes das participantes do evento. Tudo isso no espaço definido pelos organizadores como propício para o fortalecimento do debate sobre os direitos femininos.

Dando início aos debates da tarde, Maria Alves, que também representa o quilombo Santa Cruz, do município de Ouro Verde de Minas, enfatizou que, apesar de todas as opressões, é preciso lutar.

“A opressão social em que estamos vivendo atualmente tem como consequência não apenas a perda dos direitos sociais e dos sonhos de muitas mulheres e dos povos dos campos, mas sim a volta de um sistema de quase escravidão. Uma escravidão fria e calculista”, revelou a conselheira, que também falou sobre a importância da unidade e da organização, sobretudo neste momento de reformas, diferenças e divergências.

Na sequência, a presidente da CUT Minas e coordenadora Geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, reforçou a importância das mulheres falarem sobre o que quiserem, inclusive sobre política e sobre a situação atual do país. Entre outros pontos, Beatriz sinalizou a questão da diferença salarial em comparação com os homens e também o fato de as mulheres serem sempre as primeiras a serem demitidas.

"[Os tempos] são de compreender que o que está em jogo é o nosso futuro e que nossa luta é de gênero, de classe e pela dignidade”, ressaltou a presidente da CUT Minas.

A terceira palestrante foi Kátia Souto, da Comissão Nacional Organizadora e de Relatoria da 2ª Conferência Nacional de Saúde da Mulher. Na oportunidade, com base no tema “Nenhum direito a menos”, ela pontuou que debater a questão da mulher e da saúde da mulher é fundamental para que todas entendam que cada minuto de luta foi muito importante.

“Somos diferentes, mas não somos desiguais - e não queremos ser. Portanto, é preciso pensarmos em políticas públicas que abranjam todos esses recortes da pluralidade da sociedade. Conselhos e conferências como essa são espaços para fortalecimento da participação das mulheres nos debates”, afirmou.

Kátia terminou sua fala com um convite a todas e a todos para resistirem e somarem forças. “Nós não teremos saúde se não tivermos democracia. Por isso, é preciso ousadia e coragem para fortalecer o controle social”, concluiu.

As participantes da conferência foram convidadas, ainda, a participar com suas intervenções, que também foram debatidas pelas representantes da mesa. Entraram em debate tópicos como a falta de profissionais de saúde em comunidades afastadas e discussões sobre como a atual política do SUS.

 

Grupo Cigarras Cantora do Vitória

O grupo Cigarras Cantoras do Vitória participou da abertura da primeira mesa da Conferência Estadual de Saúde das Mulheres. O trabalho do grupo vem se ampliando desde a sua primeira apresentação, em setembro de 2009, no Quilombo da Boa Morte, em Belo Vale, Minas Gerais.

Composto por alunas e alunos do projeto Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Municipal Professor Milton Lage (rua A, 70, bairro Jardim Vitória), na região Nordeste, o grupo surgiu da necessidade de melhorar a autoestima e o desejo de aprender das alunas.

 

Conferência

A primeira edição da Conferência Estadual de Saúde das Mulheres acontece no Minascentro, em Belo Horizonte, e tem como objetivo propor diretrizes para a Política Estadual e Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher no Sistema Único de Saúde (SUS).

A ação é fruto das discussões e propostas apresentadas nas conferências municipais, realizadas no interior do estado, e também nas plenárias dos movimentos populares e sociais organizadas pelo Conselho Estadual de Saúde (CES-MG), conselheiros e profissionais de saúde.

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