Simpósio abre espaço para apresentação de ações para redução da mortalidade materna

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Simpósio abre espaço para apresentação de ações para redução da mortalidade materna

Realizado na capital, o evento contou com a presença de cerca de 200 pessoas, entre estudantes, profissionais de saúde, membros do Comitê Estadual de Prevenção à Mortalidade Materna, entre outros

 

Importantes questões sobre mortalidade materna entraram em discussão, em Belo Horizonte, durante a realização do I Simpósio Colaborativo: Morte Materna e Responsabilidade Social. O evento, realizado em decorrência do Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna (RMM), foi resultado de uma parceria entre os órgãos de Saúde do Governo de Minas Gerais: Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).

Na mesa de abertura, o vice-presidente da Fhemig, Paulo Tarcísio Pinheiro, ressaltou que é necessário discutir sobre o impacto de uma morte materna na sociedade, e quais as estratégias que profissionais e cidadãos devem colocar em prática para reduzir os números desta ocorrência tão grave.

“Não importa se é um centro de saúde básico, uma UPA ou uma maternidade de baixa complexidade - o atendimento à gestante não pode ser negado de forma alguma”, enfatizou Pinheiro.

Para o diretor da Maternidade Odete Valadares (MOV), Francisco José Viana, que representou no evento as quatro maternidades pertencentes à Fhemig, pontuou a necessidade de tornar pública a preocupação geral com a mortalidade materna.

"Este seminário é um avanço, pois presta contas à sociedade dos avanços que conquistamos e das fragilidades que ainda temos em nossos serviços”, afirmou.

O simpósio contou com a presença de cerca de 200 pessoas, dentre elas estudantes, profissionais de saúde, membros do Comitê Estadual de Prevenção à Mortalidade Materna, além de representantes das Regionais de Saúde envolvidos em assistência à saúde da mulher e vigilância do óbito no âmbito do SUS. O momento foi de grande importância para promover a reflexão sobre a questão da mortalidade materna no estado, e apresentar políticas efetivas para que se possa atingir a meta de redução de óbitos.

 

Discussões

A professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Marlise de Matos Almeida, iniciou as atividades fazendo uma apresentação sobre o tema “Lugar de Mulher e lugar de homem existe? Gênero, direitos das mulheres e cidadania em debate”. Marlise falou sobre a desigualdade de gênero e das opressões às quais muitas mulheres ainda estão submetidas o Brasil, e como estas diferenças culminam em fatos graves como a mortalidade materna.

Já Maria Esther Vilela, representante do Ministério da Saúde no simpósio, explanou sobre o panorama e diretrizes nacionais para redução da mortalidade materna no Brasil. Segundo ela, algumas das estratégias que devem ser adotadas são: fortalecer o planejamento reprodutivo das mulheres, qualificar o pré-natal, formar enfermeiros obstétricos, e oferecer atenção humanizada ao abortamento e distribuição de contraceptivos como o DIU.

“É preciso desenvolver uma nova cultura institucional no ‘cuidar’, e nas relações entre os sujeitos, valorizando as queixas das mulheres, criando protocolos, incentivando treinamentos e acabando com as negligências. Se uma mulher morre por hipertensão, é preciso investigar porque isso ocorreu, já que a hipertensão por si só, não é uma causa para óbito”, disse Maria Esther.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem, hoje, 62 casos a cada 100 mil nascimentos. A meta estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) é de 35 para 100 mil, mas apesar dos avanços nos últimos 20 anos, o país não tem conseguido alcançar esta marca. “Mais de 90% destas mortes são evitáveis, e pelo menos 40% das mortes estão relacionadas a práticas inadequadas de atendimento ao parto.”, afirma Maria Esther.

 

Comitês de Prevenção

A presidente do Comitê Estadual de Prevenção à Mortalidade Materna, Infantil, e Fetal do Estado de Minas Gerais, Regina Amélia Aguiar, falou sobre a atuação do grupo, que por meio de discussões de casos clínicos, reuniões, videoconferências, e treinamentos realizados na Cidade Administrativa, investe na análise das causas das mortes e na avaliação dos aspectos de prevenção, objetivando a elaboração de propostas de medidas para a redução dos óbitos.

Para Regina, é necessário que os comitês não se agreguem apenas a grupos técnicos, mas contem com a participação da humanização de organizações da sociedade civil, ou a redução da mortalidade materna continuará a passos lentos. “A mortalidade materna é considerada um dos melhores indicadores de desenvolvimento de uma sociedade. É necessário realizar uma busca ativa, mais do que quantitativa, para entender o real motivo da morte destas mulheres”, afirmou a presidente do comitê.

Em 2016, o comitê iniciou a implantação do projeto “Zero Morte Materna por Hemorragia”, já que esta é a causa principal de morte materna no Estado, ao contrário do resto do Brasil, que tem a hipertensão como o principal motivo.

 

Avanços nas maternidades da Fhemig

O vice-presidente da Fhemig, Paulo Tarcísio Pinheiro, apresentou os números das maternidades que se encontram sob a responsabilidade da fundação (Maternidade Odete Valadares, Hospital Júlia Kubitschek, Hospital Regional Antônio Dias, Hospital Regional Dr. João Penido), e as políticas de RMM existentes nas instituições.

De acordo com dados de 2015, enquanto a razão de mortalidade materna no Brasil é de 62 a cada 100.000, na Fhemig ela é de 40 para 100.000. A meta em suas maternidades é a redução para 30 a cada 100.000, e a fundação investe seus esforços para seguir as medidas preconizadas para chegar a este objetivo. Segundo Paulo Tarcísio, todas as maternidades trabalham com equipes multiprofissionais, presença de enfermeira obstétrica, e de doulas em quase todos os plantões.

Para Paulo Tarcísio, uma das linhas de cuidado que deve ser priorizada na rede de atendimento é a questão do acesso, de modo que a gestante seja atendida no primeiro local que ela procurar. “Para que isso ocorra de forma efetiva, a rede deve se organizar, padronizando os processos e discutindo os protocolos”, ressalta o vice-presidente. De acordo com Paulo Tarcísio, a logística de transporte, evitando que a paciente tenha que ir até um grande centro, principalmente em uma situação de urgência, também deve ser revista.

Outra política importante que está sendo colocada em prática na Fhemig é o lançamento do Protocolo Multidisciplinar de Atenção ao Parto, de modo a garantir que toda a equipe multiprofissional esteja preparada e tenha a expertise necessária para realizar o atendimento da gestante desde a sua entrada na maternidade, até a sua alta.

Atualmente, entre outras ações, a Fhemig garante o atendimento às situações de emergência em todos os pontos de atenção, até a transferência da paciente para unidade de complexidade adequada à demanda clínica, e realiza a gestão estratégica da rede, assistência fundamentada por protocolos validados, programas de melhoria contínua da assistência e cuidado centrado na mulher, no neonato e em sua família. Além disso, de acordo com Paulo Tarcísio, a Fhemig possui potencial para ser referência de educação continuada e suporte clínico no formato de telemedicina, e realiza experiências exitosas em cuidado qualificado com a gestante/puérpera com necessidade de terapia intensiva.

O seminário aconteceu, na quinta-feira (1/6), no auditório do Ministério da Fazenda, em Belo Horizonte. 

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