Roupas feitas por detentas se destacam em evento nacional

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Roupas e estampas feitas por detentas mineiras se destacam em evento nacional de moda

Coleção produzida com a ajuda de internas do Complexo Estêvão Pinto, em BH, fica em 3º lugar em concurso do Minas Trend Preview

 

Gratidão. É esse o sentimento que invade a pequena confecção instalada no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, em Belo Horizonte. Há dois meses, quatro presas da ala de medida de segurança aprenderam a costurar e ajudaram a fundar a Coleção Vida, da recém-lançada Libertees, criada pela empresária Marcella Mafra.

Além do trabalho de produzir as peças, outras detentas da unidade contribuíram com as estampas, que colorem as roupas. O resultado não poderia ter sido melhor. A marca foi convidada para participar da 21° edição do Minas Trend Preview, um dos principais eventos de moda do país, e ficou em terceiro lugar no concurso Ready to Go, que revela novos trabalhos.

A subsecretária de Humanização do Atendimento da Secretaria de Administração Prisional (Seap), Emília Castilho, compareceu ao evento que aconteceu no Expominas, em Belo Horizonte, para prestigiar a marca e ficou encantada com o que viu.

“Estar presente em traços e cores no maior evento de moda de Minas, grande gerador de emprego no estado, demonstra que a Seap está empenhada na busca de ressocialização dos indivíduos privados de liberdade, sendo de extrema importância a parceria com a iniciativa privada para enfrentar esse desafio”, ressalta Emilia.

Nenhuma das quatro detentas havia tocado em uma agulha antes de entrar no Complexo Penitenciário. Alessandra Frade, que trabalha há mais de 20 anos com confecção, é a encarregada da marca na unidade prisional. Ela destaca que no início teve receio de ir trabalhar no local, mas seu medo mudou completamente já no primeiro dia.

“Elas aprenderam muito rápido, me surpreendi. A pessoa tem que querer aprender, vejo nelas muita vontade, muitas falam que, quando sair, vão investir e continuar trabalhando nessa área”, diz Alessandra.

Para as presas, Alessandra é o coração da confecção e a Marcella o cérebro. Quando falam da empresária, elas só sabem agradecer a oportunidade. Tatiana Silva*, 28 anos, fez questão de dizer o quanto ganhar essa chance foi importante para ela.

“A Marcella foi a única que nos estendeu a mão, não se preocupou com o nosso crime e nem com que os outros iam falar. Somos muito gratas, e é por isso que a gente gosta tanto de se empenhar no trabalho e mostrar que merecemos esse voto de confiança”, conta a detenta.

A empresária Marcella contou com a ajuda de mais três sócias, Sabrina Mafra, Daniela Queiroga e Andréa Aquino, para dar vida à marca. Todas acreditam na ressocialização e na capacidade transformadora do trabalho. “A nossa roupa não é só um produto, é um caminho de reinserção social”, afirma Daniela.

Andrea, estilista da Libertees, relata que o nome da coleção foi pensado nesse nascimento, inicio de tudo. “É o começo de uma era, idealizamos as peças em cima do universo das T-Shirts, são roupas com estrutura mais simples e confortáveis, sem gênero, que valorizem as estampas. Escolhemos cinco desenhos que retratam o cotidiano delas para compor a coleção”.

Marcella explica que a empresa visa contribuir para a qualificação profissional das detentas, preparando-as para a vida em liberdade. A Libertees tem também como objetivo sensibilizar e incentivar outros empresários a trilharem o mesmo caminho. “Acreditamos que atitudes como esta contribuem para a melhoria da qualidade de vida das internas e para a diminuição da reincidência no mundo do crime”, conta Marcella.